quinta-feira, 31 de janeiro de 2013



Pulou

E então ele tomou coragem e pulou.
                Era um garoto de uns sete anos que levava uma vida gostosa, não muito mimada, mas tinha boas condições de vida.
Ele tinha uns tios de segundo grau muito ricos que ele nunca tinha visto, mas, por algum motivo, eles o adoravam (sempre lhe mandavam presentes).
Um dia o garoto tinha acordado no meio da noite para ir ao banheiro, e quando estava voltando, escutou os pais conversando:
-Querida, acho que devíamos aceitar o convite que Haroldo e Marisa fizeram para irmos o sítio deles- Milor, o garoto, que ouvia a conversa escondido, arregalou os olhos. Haroldo e Marisa eram os tios de segundo grau ricos que o adoravam. Ele quase deu um berro de exclamação, mas se lembrou de que estava escondido- seria ótimo para nós. Passar um fim de semana em família!
-É... Acho que você tem razão.
Com a aprovação da mãe, o menino não aguentou e berrou de felicidade. Então os pais o chamaram e conversaram com ele falando coisas do tipo “Se comporte, nós estaremos num lugar que não é nosso”, “Lá você vai ter de obedecer às regras de lá” e essas coisas que os pais sempre falam antes das viagens.
Quando Milor voltou pra cama, não conseguia dormir, pois estava muito ansioso (a viagem seria dali a dois dias), então foi fazer uma mala bem simples com roupa para a piscina de 20 metros cúbicos que tinha no sítio, e ficou imaginando como o lugar seria.
No dia anterior à viagem, ele não conseguia se concentrar em nada, só ficava pensando em como seria o sítio, que coisas teriam lá, qual seria a cor, a comida, o cheiro e os sons.
                Quando foi dormir, sonhou que estava indo para o sítio numa limusine e que, quando chegava lá, tinha um tapete vermelho que ligava a porta do carro à da casa dos tios. Enquanto passava pelo tapete fotógrafos tiravam fotos dele.
                No dia seguinte, ao acordar, os pais já estavam com tudo pronto para a viagem. Desceram do apartamento à garagem, entraram no carro, e foram. Durante a viagem, o menino não parava de perguntar se já estavam chegando.
                Depois de três horas de viagem, Eles finalmente chegaram ao sítio aonde na entrada tinha uma placa na qual estava escrita “Sítio Shong”.
                Quando chegaram, os tios que tinham acabado de sentar a mesa para almoçar, levantaram e foram receber os convidados:
                - Deixem suas malas no quarto e depois venham almoçar
                Os tios sorriram para o garoto e depois o cumprimentaram do mesmo jeito que fizeram com os pais.
                Durante o almoço, a tia falou sobre uma tirolesa que eles tinham instalado há pouco tempo e que, se Milor quisesse ir lá depois, eles adorariam acompanhá-lo. Ele ficou muito animado com a ideia e começou a comer mais rápido para acabar logo e ir para o brinquedo gigante, mas então falaram que ele precisaria esperar pelo menos uma hora a partir do almoço para ir à tirolesa. Ele se desanimou um pouco, mas nada realmente significante.
                Acabado o almoço, ele foi jogar um jogo no seu Game Boy.
                Quando o tão esperado momento chegou, ele largou o Game Boy e foi correndo ao lado dos tios em direção à tirolesa.
                Mas ao ver a altura do brinquedo, ficou muito assustado. De repente, sua respiração acelerou, seus poucos pelos se eriçaram e uma expressão de medo tomou conta de seu rosto.
                Enquanto isso acontecia, os tios lhe punham o equipamento de segurança sem notar o susto do menino, mas, naquele momento, não havia mais volta. Ele teria de pular.
                E então, depois de escutar repetidamente às instruções. E então depois de olhar várias vezes para baixo conferindo a altura. E então depois de conferir muito bem o equipamento de segurança. E então ele tomou coragem e pulou.