É depois da meia noite, quando mesmo meia
já é completa e mais 47/60 de hora
que canta no meu ouvido a voz caetanica
vinda duma gravação ao vivo de 80 e pouco
É nessa hora, quando dum lado do ":" é 00 e do outro 47
que a porta de casa, no fim do corredor, treme
Não, não treme, foi só um susto
foi só um susto, susto de paranóia
só paranóia, paranóia que vem no 1° segundo
do 47° minuto
da meia noite
e vai embora no último
Mas agora, quando o 00 já foi pro outro lado do ":"
quando a paranóia já deixou o último segundo daquele minuto
quando em minha orelha, não sobra nem mais um sussuro do Veloso
que a mágica do tempo, traz só esses últimos 3
2 versos
1 tortos
quinta-feira, 12 de maio de 2016
domingo, 3 de abril de 2016
um brigadeiro pra lá de bom
Nos
últimos dias, tenho aproveitado a madrugada enquanto tempo de produção e
absorção cultural (assistindo o filme do Spirit, o do cavalinho, por exemplo).
Bom, a de hoje não poderia ser diferente, mas foi.
O fato
é que as três da manhã, terminando de correr os olhos pelas últimas linhas dum
livro que uma amiga me dera meses atrás, resolvi me arriscar no “mundo dos
sonhos”, mas o velho sábio que guardava o portão para o tal do universo
onírico, me barrou dizendo que não estava pronto para me aventurar em águas tão
desconhecidas. Quase chorando pela recusa do ancião, resolvi dar uma fuçada na
rádio pra ver o que tava passando de bom. Peguei um Lou Reed (walk on the wild
side, https://www.youtube.com/watch?v=4wNknGIKkoA) e resolvi deixar naquela estação.
Tentei novamente,
agora ao som da voz aveludada do locutor, mas a resposta do velhinho que vestia
uma fantasia de Merlim foi a mesma.
Levantei
e fui fazer um sanduíche semelhante ao que comera no jantar.
Sanduíche
do Jantar
|
Sanduíche
da madrugada
|
Pão francês
|
Pão de forma
|
Maionese de gengibre
|
Pasta de abobrinha
|
Pasta de abobrinha
|
Peru
|
Peru
|
Ainda
com fome, daquele tipo que, no meio do tédio da madrugada, ataca a cabeça e o
estômago, resolvi que combinaria meu desejo alimentício a algo que ocupasse meu
tempo de forma a estimular minha criatividade.
-Brigadeiro?
– Perguntei.
-Brigadeiro.
- Respondi com aquele tom frio e impositivo de quem quer brigadeiro.
-Panela?
Não tem, serve uma frigideira? Pega uma funda. Tá aqui. Liga o fogo. Bota a
manteiga. Abre o leite condensado e joga lá. Abaixa o fogo, rápido, ta fazendo
muito barulho, alguém pode acordar. Taca o Toddy. Bota um pouco de café. – Fui falando
comigo mesmo e devo admitir que deu bem certo. O brigadeiro ficou “supimpa”.
É... É
engraçado como uma história acaba sem ter um fim. Quer dizer, o que mais eu
poderia dizer? Tudo que eu queria era contar a história de um brigadeiro, e
contei, mas ainda assim, o texto teve um fim tão suspenso, como se eu tivesse
esquecido a manteiga e o brigadeiro tivesse ficado grudado na frigideira que
usei por falta de panela...
Mas
não, eu botei a manteiga sim, me lembro bem disso. Bom, sei lá, acho que é só jogar
o dedo na tecla, “desenhando” um ponto na tela.
quarta-feira, 9 de março de 2016
Morte morre?
Foi numa noite nublada, mas sem chuva, que o telefone tocou
interrompendo meu jantar e me obrigando a deixar de lado o sofá, o prato de
miojo (onde já não sobrava muito macarrão, deixando o pote preenchido quase que
inteiramente pelo caldo meio transparente, meio cor de não sei o quê) e a
companhia de minha graciosa solidão.
-Cala a
boca e me escuta! Eu to com a sua morte e se você não pagar o resgate até as
-Minha
morte, como assim?
-Cala a
boca porra! - Berrou a voz do ouro lado da linha, ainda enquanto eu tentava
esclarecer minha dúvida. E continuou- Presta atenção, caralho! Quinhentos reais
até a meia noite. Deixa no lado esquerdo do vigésimo degrau da escadaria da rua
dos ingleses, aquela que desce pra 13 de maio. É isso ou sua morte morre essa
noite mesmo. – E desligou.
Voltei
para a TV.
A real
é que por mais ridículo que pareça, a conversa causou em mim uma certa
curiosidade, um certo jogo de associações de idéias a respeito da morte,
afinal, o que seria essa palavra além de simples letras organizadas de maneira
mais ou menos aleatória? O que será que aconteceria se ela morresse? (Isso se
ela fosse sequer real).
O
desespero caiu em mim caiu em mim como uma armadilha de caça. Pensei que a voz
do desconhecido podia estar falando sério e sobre o que aconteceria se fosse
verdade. Senti uma ponta de pena quando imaginei a dor no semblante ossudo da
prima do Caveira. É isso, eu iria à escadaria, não podia deixar aquilo
acontecer, mesmo sem ter a menor idéia do que aconteceria se isso acontecesse.
No
momento da tomada da decisão, faltavam apena 15 minutos para o horário
combinado. Morava perto e perto e pelos meus cálculos, seu eu fizesse cada quarteirão
em três minutos, chegaria a tempo. Porém, demorei 30 segundos a mais que o
planejado entre a Brigadeiro e a Rua Fortaleza, de tal forma que há poucos
metros do pé da escada, caí no chão e adormeci.
Morri,
eu acho... Quer dizer, no fundo acho que não faz muita diferença... Bom, devo
dizer que minha falta de interesse para com a informação não é de toda real, já
que fiquei, admito, ligeiramente triste quando lembrei que nunca poderia
experimentar o novo miojo de abóbora com salsa e cebola... Mas a exceção disso,
acho que tudo bem.
quarta-feira, 2 de março de 2016
Crônica sobre a crônica que eu havia escrito que dizia de uma crônica que tentava explicar o que é uma crônica, mas perdi quando o computador desligou sozinho.
O que aconteceu foi mais ou menos o seguinte: eu havia
começado a escrever minha crônica no sábado, abusando dos recursos visuais do
Word e tentando criar uma linguagem um tanto quanto informal, que permitia uma
maior proximidade com o leitor, ao mesmo tempo em que criticava este truque, pois,
no frigir dos ovos, serve só para iludir o pobre coitado, que além de tudo, teria
de gastar sua visão com a leitura daquele pedaço de papel que seria bem melhor
aproveitado enquanto árvore, ou papel higiênico, daqueles tipo dupla-folha, com
cheirinho de rosas e tudo o mais. Porém, hoje (18/11/2015) a tarde, o
computador deu algum tipo de bug e desligou automaticamente. O texto que não
estava salvo, foi perdido e nem aquele recurso do Word que recupera textos
perdidos em desligamentos forçados, conseguiu recuperar o tal do texto perdido.
A
crônica era sobre uma crônica que buscava uma explicação para o sentido da palavra
“crônica”, tendo em vista que esta se apropriava de uma linguagem bastante
poética e até um tanto quanto romancista, para encontrar o sentido do gênero
literário, o que me deixou bastante confuso, já que, ao meu ver, a crônica deve explorar o mais banal e
cotidiano sem se deixar levar pelo expressionismo romântico, de forma a
apresentar uma reflexão sobre a rotina de todo o dia, fazendo com paremos para
observar o mundo a nossa volta e perceber coisas inúteis, mas que tem um
significado especial, o que me lembra uma boa música que ouvi outro dia ( https://www.youtube.com/watch?v=v7LBggDKEtM
), sobre a solidão humana e as relações que no fundo, apesar de tudo, fazem com
que as coisas pareçam um pouco mais reais, já que permitem o desenvolvimento da
consciência de um mundo para além do próprio ego.
Era
a partir deste ponto, quando eu mesmo caia num expressionismo romântico,
dizendo que são as relações do dia a dia que criam uma beleza na vida, que eu
começava a explicar que na verdade, eu não tenha nada contra a crônica que
tentava explicar o significado da palavra “crônica” e na realidade, a minha
impressão com relação ao sensacionalismo poético, foi uma coisa que passou
muito rápido, mas ainda assim, achei que seria interessante escrever sobre isso
e aproveitei esse campo de sinceridade que havia criado no texto, para
questioná-lo, dizendo como na realidade, qualquer tipo de intimidade entre o
leitor e o autor, não passa de uma pura ilusão.
Mas
agora, saindo do pretérito (odeio ficar escrevendo no pretérito), continuo a
reflexão aqui, nesse novo texto, que não é exatamente novo, já que é quase como
o antigo... Bom, na real que não tem mais muito que dizer, afinal, sintetizei
em um parágrafo todo o texto que perdi por conta do bug, o que simplesmente
demonstra a minha habilidade de enrolar idéias e de falar muito sem dizer nada.
Mas
acho que o mais importante e o ponto onde quero chegar é o seguinte: salve o
seu texto, sempre salve, a cada palavra salve, a cada letra salve e a cada
bug... É, o bug realmente fode tudo, mas tudo bem é parte.
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