quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Lembranças da memória
                Eu estava andando pela rua quando de repente ouvi passos atrás de mim. Olhei pra trás só por curiosidade e vi que o barulho não era de passos, mas sim de folhas correndo ao vento. Correndo atrás de mim. Corri. Não, fugi. Se elas me pegassem seria o fim. O que será que elas fariam? Torturariam-me? Provavelmente tentariam me fazer contar o local de nossa base, mas estariam perdendo seu tempo! Eu não contaria! Havia de cumprir com o juramento!
                ...Mas espere. Qual era mesmo o local de nossa base?
                Essa é a questão que me aflige todos os dias antes de eu sair da cama. Esforço-me pra lembrar alguma coisa daquele tempo, mas só o que me vem à cabeça são alguns flashs de folhas corendo atrás de nós imitando uma perseguição hollywoodiana. Nós...
                Afinal, quem éramos? Quantos éramos? De meus companheiros também não me recordo de muita coisa. Lembro-me ainda de algumas de nossas batalhas contra os meninos do jardim botânico ou com os da Rua Paulo. O estranho é que as pessoas daquele tempo com as quais ainda mantenho contato faziam parte de nossos inimigos. Porém quanto a meus companheiros de base, nunca mais os vi. Nem sequer um soldado do nosso exército de três pessoas. Três? Será que era isso mesmo?

                Às vezes penso que minha memória funciona como uma gaveta onde se joga as coisas que se ganham como prêmio em barraquinhas de festa junina, para nunca mais serem encontradas. Nunca mais serem lembradas.